Para muitas pessoas uma tosse não é simplesmente uma tosse; é um sinal da morte eminente e nenhum diagnóstico pode convencê-los do contrário. Isso é o que acontece com quem tem hipocondria.
“Eu sei que estou morrendo. Como? Porque eu simplesmente sei. Tenho certeza disso. Eu posso sentir. Aquela dor no lado esquerdo do peito não sumiu, está lá a 6 meses. O ultrassom deu negativo para qualquer tipo de doença grave. O mesmo aconteceu com a tomografia, com a ressonância, com os exames de sangue e até com a colonoscopia”.
O médico disse que não era nada com que eu devesse me preocupar. E eu sei que eles estão errados. Então, como uma pessoa totalmente insegura, começo a questionar meus amigos e meus familiares “Você acha que estou bem?” e as respostas sempre são “Você está bem!”.
“Você é tão nova pra se preocupar com isso”, “Com certeza você está bem”. E eu não consigo acreditar neles. Eu queria acreditar neles, mas não sou capaz.
Bom, isso é ser hipocondríaco. É viver o tempo todo preocupado com a morte eminente. Embora só recentemente ela tenha sido caracterizada como distúrbio, você não está sozinho. Cerca de 1% a 2% da população sofre com a “ansiedade da saúde”. E olha que ironia do destino: pesquisas apontam que as pessoas que mais se preocupam com a saúde são as que mais adoecem. Às vezes estar certo é realmente uma droga, não é mesmo?
Nos últimos meses já me convenci de que estava morrendo inúmeras vezes. Uma delas foi de câncer, outra foi um AVC durante o banho, e quase sempre me imagino tendo um ataque cardíaco. Quando o médico descarta uma suposta doença, eu rapidamente corro para a internet para tirar as dúvidas que eu ainda tenho, como por exemplo: se não estou infartando, o que isso pode ser? (sempre buscando uma doença).
Como tomo alguns medicamentos para controlar a ansiedade, sempre me questiono “se eu tomo esses remédios, com certeza estou doente”. Criei o péssimo hábito de medir a pressão frequentemente, pois eu acho que ela sempre está alta. Sinto todos os sintomas e quando chego ao Pronto Atendimento, pasmem: 12×08. Perfeita! Que loucura.
Prazer, eu sou hipocondríaca.
Um corte nunca é apenas um corte. Uma dor nunca será uma simples dor.
Começa inocentemente. Como já disse sou uma pessoa completamente preocupada com a minha pressão (antes era o coração, mas precisei substituir), então nos dias que sinto minha visão escurecer já imagino que seja o pior. Corro para o Google e pesquiso o que pode ser a tal “visão escura” e para minha surpresa, estou morrendo. Normalmente deixo o medo me vencer. Eu me isolo e não quero conversar com ninguém, afinal ninguém entende. Como eu posso estar morrendo e ninguém se preocupa com isso? Eu sempre tenho certeza que estou morrendo, há exatos 3 anos e meio.
Como vou fazer aquela viagem? Se eu passar mal lá? Se eu morrer, vou estar tão longe da minha família. Essa dor de barriga deve ser um infarto. O avião vai cair. O desespero me abraça e eu fico refém de doenças imaginárias que mesmo que acontecesse eu seria incapaz de evitar.
Hipocondríacos criam doenças sem causas plausíveis. Um corte no dedo do pé pode facilmente virar uma infecção generalizada e uma falência dos órgãos. Nós nos preocupamos, nos irritamos e logo esquecemos. Uma semana depois temos que nos preocupar com outra possível doença imaginária. Isso é paralisante!
Ser hipocondríaco não é divertido e muito menos motivo para piadas, muito pelo contrário. Passar a vida com medo da morte é deixar de viver. A preocupação excessiva é esmagadora. Não há médico nem diagnóstico que nos dê segurança. Com o perdão da palavra, essa doença é foda.
Tenho uma gaveta cheia de remédios para serem usados em momentos específicos e alguns eu nunca nem sequer tomei, mas vão ficar ali por precaução. Cada ida à farmácia me sinto em um parque de diversões. Mas, o preço por isso saiu alto demais.
Perdi um ente querido com câncer, logo em seguida os distúrbios vieram. Sempre temos algo que desencadeia isso e por isso precisamos buscar ajuda médica. Precisamos procurar tratamento e entender que não somos doentes, por mais difícil que seja. Praticar esportes, cuidarmos da nossa alimentação e assim, mantermos nosso cérebro ciente de que estamos fazendo o melhor pra viver mais.
Eu sei o quanto é difícil e torna-se pior ainda quando pessoas falam sobre conhecidos ou notícias em jornais de pessoas que estão hospitalizadas ou morreram por causa de uma determinada doença. Automaticamente ligamos uma chave dentro de nós que liga o estado de alerta e imediatamente estamos sentindo os sintomas de uma doença que não temos.
Veja quais os sintomas da febre interna.
Dicas para controlar os sintomas
Pare de pesquisar no Google sobre doenças
Correr para o computador para pesquisar de 5 em 5 minutos sobre uma suposta doença ou sintoma que você acredita que está sentindo não é saudável. Quando isso ocorre, você deixa de ser prudente e passa a ser obsessivo. Procure se consultar com seu médico e acreditar na palavra dele – eu sei que é difícil, mas tente.
Pare agora de achar que doenças pequenas se tornarão doenças graves
Sim, às vezes uma tosse é só uma tosse.
É normal sentir algumas pequenas dores ao longo dia, como uma dor de cabeça ou uma falta de ânimo e isso não quer dizer que você esteja morrendo. Deixe de lado o pensamento de que tudo que é ruim irá acontecer exclusivamente com você.
Você está bem, mas acredita que é por pouco tempo
Você está na sua melhor fase, mas de repente uma fisgada no peito aparece e você já começa a se auto sabotar. Pare de fazer isso! Talvez um amigo seu ficou doente e você acredita que também ficará. Eu sei bem como é isso e sei que você precisa fazer terapia pra se livrar desses pensamentos negativos. Procure ajuda de um especialista, pois se você deixar a doença se agravar será mais difícil de controlá-la.
O médico disse que está tudo bem, mas você não acredita
Você acaba de chegar do consultório médico e ele lhe deu um atestado. Apesar da confiança que você sente por ele, o medo da doença persiste. Pessoas hipocondríacas precisam de garantias constantes de que elas estão saudáveis. Portanto, deixe de lado o medo e acredite: se o médico disse que está tudo bem, está tudo bem. Sem mais! Faça exames todo o ano para garantir que nada está fora do lugar, mas confie nos resultados.
Você tem a péssima mania de consultar vários médicos antes de acreditar que está bem.
Como nós nunca estamos convencidos de que realmente estamos saudáveis, ficamos optando por terceira, quarta e até mesmo quinta opinião médica. Nós acreditamos que talvez o primeiro médico não seja tão bom e tenha errado no diagnóstico ou que talvez ele não pediu os exames necessários. Como eu já disse, essas consultas constantes podem atrapalhar o seu financeiro, social e te deixar pior do que estava. Muitas pessoas podem se afastar de você por causa dessa insistência em falar sobre sua saúde. Fora que os gastos com remédios e médicos nunca sai barato.
Afaste-se de pessoas e notícias negativas
Isso mesmo! Procure deixar bem claro para as pessoas ao seu redor que você não quer saber sobre o problema de saúde de outras pessoas e que também não faz questão de saber o motivo do óbito de quem quer que seja. Morreu? Ok, mas não quero saber do que. Sim, pode parecer egoísmo, mas se isso te ajudar a melhorar, que seja feito. Eu já deixei meus familiares e amigos cientes de que não faço questão de notícias que possam abalar meu psicológico.
E mais, tenha dentro de uma única certeza: a morte. Todos vamos morrer e não podemos fazer nada para evitar isso; é nosso destino. Portanto, viva da melhor maneira possível e aproveite cada segundo. Quando chegar sua hora, você terá feito e sido o melhor pra si e para os outros. Não antecipe sua morte e não deixe de viver com medo dela. Só assim seremos capazes de produzir mais e deixar a escuridão de lado.
Como diz o ditado “QUEM ESTÁ VIVO É PRA MORRER”.
Gratidão pela vida e pelo dia de hoje.
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