A dor funciona como um mecanismo do corpo para passar uma mensagem, mostrar que algo não vai bem. “Sem a dor, nós prejudicaríamos muito mais nosso organismo pelo simples descuido. Imagine as luzes do painel do carro que mostram quando a gasolina chegou na reserva, quando o motor está superaquecido, o óleo baixo, etc. Esse recurso mostra a tempo o que deve ser corrigido antes de nos colocarmos em risco. A dor é o nosso ‘sinal luminoso’ para prestarmos atenção”, conta Rita.
Quando a causa de uma dor é investigada, o especialista avalia vários sistemas que podem influenciar no seu surgimento. Por meio de exames, as possibilidades vão sendo descartadas até que se chegue ao diagnóstico. “Doenças podem ter diversas origens: vírus, bactérias, hereditariedade, processos inflamatórios, acidentes, alergias, poluição, má alimentação, mau uso de medicações e também estados emocionais nocivos. Somente uma boa consulta médica irá diagnosticar a causa da dor com segurança”, reforça a psicóloga.
Como o estado emocional pode influenciar na saúde?
Na presença do estresse, os músculos ficam tensos, causando dores específicas. A tensão, por sua vez, aumenta o cortisol no sangue, alterando o ritmo cardíaco. “Tudo isso altera o organismo de uma forma geral, inclusive a musculatura, ficando tensionada e refletindo-se em dor. Além disso, a pessoa com alteração emocional e deprimida tende a manter uma postura errada e acaba não realizando exercícios, ocasionando assim dores musculares”, ressalta Carlos Górios, ortopedista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
O processo inflamatório desse tipo de dor é diferente da reação do corpo após um trauma físico. “O processo inflamatório causado por fatores emocionais está relacionado a alterações hormonais e erro de postura, enquanto que no outro caso pós-traumático ocorre uma resposta fisiológica do organismo ao dano tecidual ou alguma outra situação, como infecção. Esse envolve células do sistema imune, levando a vasodilatação como resposta vascular, aumento da permeabilidade vascular levando à edema, aumento da pressão do tecido causando dor”, explica Górios.
Como essas dores se manifestam
A região cervical, torácica e principalmente a lombar são as mais afetadas. Isso se dá porque a coluna é responsável pela sustentação do corpo e por isso as costas acabam recebendo uma carga maior em situações de estresse e alterações do emocional.
“Outro músculo que pode ser afetado é o músculo psoas, que liga a coluna vertebral às pernas. Em situação de alteração emocional, com descarga de adrenalina, esse músculo é tensionado, dificultando a postura e causando dor nas costas. Essa região é chamada de ‘músculo da alma’, segundo a medicina oriental”, revela ele.
A psicóloga destaca que a tensão emocional pode ser provocada pelos mais diversos âmbitos da vida, como trabalho, casamento, família, entre outros. “Alterações no ciclo vital, como mudanças nas fases comuns da vida, mas que acarretam sofrimento, como a morte de alguém querido, também são capazes de criar essas dores”, conta Rita. Confira algumas dores que podem surgir por causa do seu estado emocional e os motivos comuns que podem desencadeá-las, de acordo com a psicóloga:
- Dor de cabeça
Tensão emocional e muitas preocupações. Pessoas que pensam demais e realizam pouco. Amargura com alguma recordação de eventos passados, entre outros.
- Dor no pescoço/nuca
Forte tensão emocional, conflitos entre a razão e os sentimentos, entre outros.
- Dor nos ombros
Sobrecarga de tarefas, tensão emocional, timidez, medo, insegurança, entre outros
- Dor nas costas
Medo, desamparo, insegurança, sobrecarga de tarefas, tensão emocional, entre outros.
- Dor na lombar
Sobrecarga de tarefas, tensão emocional, medo, insegurança, entre outros.
- Dor nas mãos
Sobrecarga de tarefas, tensão emocional, medo, insegurança, entre outros.
- Dor nas articulações
Sentimento de impotência, grande tensão emocional, medo e tristeza. Rigidez de pensamentos, inflexibilidade, entre outros.
- Dor muscular
Tensão, energia acumulada, tristeza, medo, raiva, conflitos existenciais, entre outros.
- Dor de estômago
Tensão, irritabilidade, conflitos insolúveis, mágoa, raiva, nervoso, entre outros.
- Dor nos quadris
Sobrecarga de tarefas, tensão emocional, medo, insegurança, entre outros.
- Dor nos joelhos
Sobrecarga de tarefas, tensão emocional, medo, insegurança, entre outros.
Formas de tratamento
A terapia desse tipo de dor deve contar com uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir médico, psicólogo, fisioterapeuta, educador físico, além de outros profissionais. “O tratamento medicamentoso inclui analgésicos e anti-inflamatórios, ‘antidepressivos’ (que na verdade seriam melhor denominados como moduladores de serotonina e noradrenalina), anticonvulsivantes e opióides”, conta a psiquiatra Milene Busoli. Ela também destaca a atividade física como um fator essencial para a recuperação. “Em geral, atividades na água, pilates ou atividades mais intensas, desde que supervisionadas. Outros tratamentos incluem fisioterapia, acupuntura e massagem. A terapia em geral visa a adaptação e aceitação do quadro, e enfrentamento dos medos relacionados a atividade, retorno ao trabalho, bem como a sensação de culpa e inadequação”, finaliza.
Conteúdo retirado do Blog Síndrome do Pânico