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O poder de ser a “ovelha negra” da família – Como descobrir se eu sou?

Dizem que nunca podemos começar um texto com a frase “eu acho”, mas eu acho isso muito chato. Regras pra quê?

Eu sempre soube que eu era a ovelha negra da família e, ironicamente, eu me sentia assim: “diferente”. Talvez porque eu sempre entendi e respondi às coisas de uma forma fora do comum. As minhas escolhas sempre fugiram do padrão “normal”.

Eu acho que ser uma ovelha negra vem da vontade de ter uma chance. Calma, eu vou te explicar (talvez algumas ovelhas negras tenham entendido, mas as brancas podem estar perdidas) pra que você não fique olhando com essa cara de quem está fora de órbita.

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Em 2012 me aceitaram numa boa faculdade, com uma bolsa integral, para um curso muito disputado – DIREITO (em caps pra dar ênfase) – e nunca nem sequer passou pela minha cabeça exercer essa “abençoada” profissão.

Quando resolvi abandonar o terno e vestir minhas próprias vontades o mundo se virou contra mim. “LOUCA” foi o que me disseram e de longe essa era a palavra mais carinhosa que eu recebi. Então, eu insisti em terminar algo que eu sabia que me faria sofrer para o ego de outras pessoas se inflarem.

Haja rivotril!

Embora eu tenha consciência da importância de um diploma, hoje tenho muito mais consciência de que minha saúde mental não se compra em farmácias.

Eu dei errado tantas vezes que perdi as contas. Sempre ouvi vozes dizendo “você não vai chegar lá” e isso me serviu de impulso. Dizem que quando a gente sente falta de uma mão amiga, devemos segurar nossa outra mão, porque ninguém fracassa quando acredita em si mesmo. Foi o que eu fiz, refiz e refaço até hoje.

Eu sempre remei contra a maré e isso me transformou na “ovelha negra” da família. Não que eu me orgulhe, mas tem lá suas vantagens. Por exemplo, a gente já sabe o que as pessoas pensam e esperam de nós: o pior. Então, quando a gente ousa a fazer algo que elas consideram correto,  se assustam e pensam ‘uau!’, mas esse pensamento não dura muito tempo, afinal tudo que você faz dá errado e eles sempre te avisaram.

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Acontece que por “acaso” (leia-se esforço) você venceu na vida e aquelas mesmas pessoas vão te usar de exemplo com as próximas ovelhas negras que estão nascendo. “Se ela deu certo, você também pode dar” e nós a fazemos engolir todas as meias palavras afiadas, sem precisar usar a força. Afinal, os resultados calam bocas sem que você precise abrir a sua.

O bom de ser a ovelha negra é que quando as pessoas duvidam de nós, elas não imaginam que estão nos incentivando. Nós não desistimos tão fácil e esse é o nosso poder. Nos reinventamos em cada precipício que nos jogam.

No almoço de família a pauta de assuntos era embasada na minha vida ou no porque eu queria comer sucrilhos enquanto a comida estava na mesa. Desde que o assunto fosse eu, estava tudo bem com meus familiares. Eu escutava eles falarem coisas que até eu não sabia sobre mim. Eu achava aquilo incrível! O que será que eles conversariam se eu deixasse de existir?

Ovelhas negras são poderosas

Depois de me analisar com a ajuda do meu terapeuta, eu descobri que as ovelhas negras são pessoas capazes de contribuir muito com o mundo, pois são essas pessoas que fogem do padrão e constroem algo novo. Geralmente, as ovelhas negras são mais inteligentes e mais criativas, além de possuírem emoções extremamente poderosas.

Se orgulhe se caso souber que você faz parte do time. Não se condene, você faz parte de um universo paralelo onde as pessoas são o que são porque são. Sem falsas expectativas ou elogios.

O que nos torna a ovelha negra da família é o que nos define como seres humanos individuais. Nós não podemos mudar isso nem se quiséssemos, pois isso é o que somos. Teríamos que viver uma grande e absurda mentira.

Apesar de toda rejeição que tivemos em nossa vida, nós aprendemos a não nos rejeitar. Às vezes dói, mas sempre passa. E isso nos engrandece diante do tradicional porque nós já sabemos que os outros não esperam nada de nós, ao contrário do meu irmão que precisa se conter ao mandar alguém pro inferno, porque ele não foi educado pra isso.

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O mais fantástico de sermos ovelhas negras é que nós não exigimos dos outros algo que eles não possam ser ou fazer. As pessoas não me compreendem e está tudo bem nisso. Eu não posso impor as minhas expectativas e padrões a alguém e depois dizer que ela tem um problema por não ser capaz de alcançá-los. Apesar de sermos o lado escuro da força, nós não perdemos a empatia. Sabemos os limites de cada um.

Abrace sua ovelha

Abrace sua ovelha negra e se orgulhe dela. Aceite sua singularidade. Não se menospreze para ser o que os outros esperam de você, seja mais: seja o que você quer ser.

Agora que você já sabe que é uma ovelha negra, crie seu rebanho.

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